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O
idoso do séc. XXI
A representação social que temos hoje do idoso enquanto
grupo social é de pessoa “gasta”, “solitária”,
“pobre”, “triste”, “enrugado”,
“só” e em alguns casos sem o mínimo de recursos
de subsistência, representação que contrasta com
a das sociedades tradicionais onde o idoso é distinguido e
respeitado como “sábio”, o detentor de sabedoria
e prudência, pessoa respeitada, integrada e apoiada na família.
No entanto, não podemos deixar de acrescentar que eram poucos
os que atingiam a idade avançada, segundo Cónim “aqueles
que afirmam linearmente que o idoso tinha nas sociedades pré-industriais
um estatuto social valorizado, usufruía do apoio que lhe era
devido e que hoje está sujeito a todo o tipo de pressões
e discriminações esquecem-se que a esperança
de vida em 1941 era de 47.3% para os homens e 51 para as mulheres”
(Cónim, 1989.147). Ao contrário hoje a esperança
de vida situa-se em níveis muito mais elevados e os valores
projectados para o ano 2020 são de 73.3 anos para os homens
e 80.1 anos para as mulheres (INE, 2001)
A ideia de idoso respeitado e caracterizado por valores como sabedoria,
autoridade e poder, hoje é irreal. Valores como a produção,
a riqueza, a rentabilidade e o consumo, fazem parte do leque de prioridades
das sociedades actuais e dos quais face as normas sociais o idoso
não têm possibilidade de competir, deste modo, a velhice
passa a ser encarada como sinónimo de incapacidade e de rejeição,
pessoas desprovidas de qualidades e de meios necessários para
desempenhar um papel activo e autónoma na sociedade. Os idosos
passam a ser definidos como uma exis e não por uma praxis,
surgem perante os indivíduos activos como uma “espécie
estranha” (D. Heloysa, 1980)
Para Meier-Ruge (1988) a sociedade está a fornecer aos idosos
um “filtro negro” que lhes inibe a percepção
dos seus aspectos positivos e assim o processo de envelhecer torna-se
por si só um problema, reduzindo o seu estatuto e posição
social.
Esta atitude social negativa sobre os idosos, a que muitos vulgarmente
designam como “fardos pesados” acabam por afectar o juízo
que têm de si próprios, levando-os cada vez mais ao isolamento,
à passividade, à falta de motivação e
consequentemente à dependência, acabando por acelerar
o processo de envelhecimento e conduzindo-os para o seu fim - a morte.
Estimular a participação do idoso na vida familiar e
social, não ignorando toda a riqueza de valores, experiências
de vida e sensibilidade de que é portador devem ser as novas
atitudes e novos comportamentos da nossa sociedade.
No fundo, o que o idoso pretende apenas é ser tratado com a
dignidade e o respeito que merece, apenas Viver...
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